quarta-feira, novembro 24, 2010

Simplesmente Mãe



Porque certas pessoas nos fazem sentir tão mal com nosso desempenho? Ditam normas e regras, no alto de sua superioridade, seja acadêmica, seja moral, seja religiosa, como se nós não tivéssemos capacidade de raciocinar, de avaliar o que é bom ou ruim, como se não tivéssemos o direto de errar? Será que estas pessoas são perfeitas?
Isto acontecesse muito com relação à educação e criação de filhos. Existem mil livros, mil teorias, mil pareceres médicos, psicológicos, psiquiátricos, neurológicos, do que é bom e do que não é bom com relação à maternidade. As mães são invadidas por tantas informações, que acabam ficando numa ansiedade tão grande de acertar e, por isso mesmo, acabam sempre com a sensação de que estão errando. É um tal de “não pode chupar chupeta” “não pode comer doce antes dos 3 anos” “ só dê produtos orgânicos” “tem que amamentar até os 2 anos”, “tem que dormir a noite inteira a partir dos 3 meses”, enfim tantas cobranças, tantas informações e desinformações, que as mães parecem máquinas que precisam acertar o tempo todo. Se colocam numa pressão absurda, tentam buscar cada vez mais conteúdo e muitas vezes deixam de fazer o principal: escutar a própria intuição. Cadê o famoso e biológico instinto materno? Será que as mães realmente não sabem o que querem e necessitam seus filhos?
É simplesmente ouvi-los ou ficar em silêncio apenas observando os gestos, as falas, as novidades apresentadas naquele dia. É acarinhar, é dar aquela comidinha que aquece e que é sim calórica, é fazer a mamadeira quando o filho precisa de colinho, é dar a chupeta quando a criança está nervosa, é ficar o dia todo assistindo DVDs infantis e comendo pipoca quando o filho está com febre, é deixar tomar sorvete e andar descalço. Será que tudo isso é tão prejudicial assim?
Este é um protesto particular de uma mãe que tenta acertar, como todas as mães, que sabe que erra, como todas as mães, mas que sempre quer o melhor para seu filho, como todas as mães. Assim, senhores médicos, dentistas, psicólogos, pedagogos (com todo o respeito as suas profissões e com os seus saberes), deixem as mães serem mães. Incentivem nelas a intuição, o prazer de simplesmente estar com seus filhos, sem necessariamente estar preocupada se passou o horário exato da papinha (que não pode ser batida, tem que ser amassada), que tem horário para dormir (e se hoje o seu filho está com insônia?), que não pode comer doce (pôxa vida, aquele brigadeiro na bandeja da festinha é irresistível).... Nos deixem ser simplesmente mães sem aumentar a nossa culpa – que já nasce junto com o nosso bebê.

Obrigada.

Um comentário:

Amanda F Jardim Pedroti disse...

Cá... perfeito! Isto foi um desabafo coletivo!!! Me incluo neste seu texto respeitando e concordando com cada palavra... Que nós possamos usar a nossa intuição materna, nos despegarmos das nossas culpas e aceitarmos as nossas imperfeições... afinal é errando que se aprende e que crescemos nesta vida! Assim tb será com nossos queridos e amados filhos! Um abraço materno de sua amiga Amanda!