segunda-feira, janeiro 10, 2011

Reveillon Filosófico


Este foi um Reveillon no mínimo diferente. Meu marido partiu para escalar o Kilimanjaro, sonho que vinha almejando há alguns anos. Então fui com meus pais e meu filho para a praia, para uma passagem de ano simples, caseira. No dia 31, minha mãe fez a tradicional ceia da passagem, com direito a lentilha e uvas para trazer sorte. Eu gosto de rituais e quando estou na praia faço questão de colocar meus pés na areia, sentir a vibração das pessoas, dar meus sete pulinhos nas ondas do mar, jogar flores para Iemanjá.

Um pouco antes da meia-noite meu filho dormiu. Pensei: pronto terei que ficar em casa, pois não podia deixá-lo sozinho, afinal ele tem apenas 2 anos. Minha mãe, que não gosta de tumulto, preferiu ficar com ele e meu pai resolveu fazer companhia aos dois. Então fomos eu, minha irmã e meu cunhado para a praia. Dois minutos antes da meia-noite começou a chover forte. Foi o maior tumulto! Cada um foi para um lado e minha irmã não quis ficar na chuva. Conclusão: fiquei sozinha debaixo da chuva para fazer minha comemoração.
Pensei instantaneamente em como estava só num momento tão legal do ano e me bateu certa tristeza... Mas logo em seguida fui tomada por uma onda de amor e otimismo que me contagiaram: não, não estou sozinha, estou na melhor companhia que podia estar neste momento em que refletimos sobre tudo, em que agradecemos, em que fazemos promessas: comigo mesma! Eu iria passar o Reveillon comigo mesma! E de repente me senti incluída com aquelas centenas de pessoas que estavam na praia, me contagiei com as risadas, me embalei com a música que vinha de longe e esperei ansiosamente a contagem regressiva.
...3,2,1 FELIZ ANO NOVO!!! Como me senti plena naquele momento, entrando na conexão da Terra, de todas as pessoas que vibravam paz, amor, saúde, prosperidade. Enchi o meu coração de gratidão e fui jogar minhas flores com tranqüilidade, envolta naquele tumulto de champagne estourando, gritos de euforia com os fogos que explodiam lindamente no céu. Pulei as ondas concentrada nos meus pedidos, como se fosse a única pessoa na praia. E depois de cumprir meu ritual, fiquei assistindo embevecida a queima de fogos, olhando para o céu e me conectando com o Universo.
E o mais engraçado foi que recebi um abraço muito sincero de um desconhecido, me desejando um ano feliz, que para mim já simbolizou o abraço de todos meus entes queridos que não estavam ali naquele momento. E depois, debaixo da chuva, duas amigas se aproximaram de mim com um guarda-chuva e me amenizaram o desconforto, já que a esta altura eu já estava completamente encharcada. Senti isto como um ato de generosidade. E foi então que o momento mais especial aconteceu: estas amigas pediram para tirar uma foto comigo porque queriam registrar o momento! Eu achei graça e assim que a foto foi tirada elas falaram que eu iria aparecer no Piauí!
Neste momento senti como as coisas simples da vida podem ser deliciosas. Tirei desta experiência várias conclusões, mas o principal foi perceber que quando estamos bem conosco, equilibrados com nossos pensamentos e nutridos de uma força interior e conexão espiritual, em qualquer situação estaremos únicos e plenos. E que a forma como vemos o mundo é a forma como nos sentimos por dentro.

Ainda bem que naquele momento eu consegui enxergar o amor maior que trago no meu coração.
Feliz Ano Novo para todos!

2 comentários:

Daniela Balieiro disse...

Cá, que texto lindo! Pode ter certeza que este será um ano especial!
Bjos
Dani

Camila Colaneri disse...

Obrigada Dani. Que possamos sempre entender o sentido dos acontecimentos em nossas vidas. Bjs, Camila