sábado, novembro 25, 2006

Vida Sem Luz


Neste último feriado fui a uma pousada na Serra da Bocaina. Um lugar privilegiado pela natureza, dentro do parque nacional. Lá conheci uma pessoa muito legal, a Lu, que escreveu um texto muito lindo e lúdico sobre tudo o que aconteceu no feriado e me mandou. Eu achei tão legal que queria compartilhar com vocês. Lendo o texto tãocriativo e verdadeiro, percebe-se que não é à toa que ela é diretora de criação de uma agência de publicidade. Curtam!


"As mãos tateiam em busca do interruptor. Uma fração de segundo te situa na Serra na Bocaina. Você olha os castiçais, vários, espalhados pelo chalé de pedra e madeira. Decide que a luz que vem da janela é suficiente. Pára um segundo, espantado com sua dependência elétrica. E se surpreende com a duração do dia. Desde a hora que acorda até a primeira estrela. Os momentos são imensos. Quilômetro a quilômetro. O falso silêncio é quebrado por uma polifonia de pássaros, insetos, coaxar de sapos e o barulhinho d'água do rio. A corrente gelada da cachoeira, explosiva, desperta o sentido. Um choque na sua forma de viver tão longe desta terra molhada. Faz sol, chove, surge a neblina. Você se pega contemplando o óbvio, largado em uma banheira de ofurô. Corpo fervendo, pétalas perfumadas, sauna a lenha. Chega longe para encontrar pessoas próximas. Os jantares são regados a vinho e discussões calorosas. Nada que estrague o prazer de descobrir a sopa do dia ou a sobremesa nova preparada pelo Anderson. O dormir vem tranqüilo por baixo do edredron branquinho. Não há série na TV, uma Veja antiga pra folhear, recado no celular, nada. Só o sono e a mente vazia. O Sol determina a hora de começar de novo. Cheiro de café, pão de queijo, bolo de ameixa. Pão integral, queijo de fazenda. E os carneiros se exibindo pela janela. Tempo de trilha, entre cavalos, vacas, touros e patos. Andar de encontro ao vento, à água, aos céus. Ir e vir depende da árvore que bloqueia o caminho. Tudo tão simples neste emaranhado complexo de vida."

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